Teste de carga do nó Borboleta Sergipana – Resultados e conclusão

O nó Borboleta Sergipana foi desenvolvido como técnica de fortuna para servir como uma opção de multiplicação de ancoragem, num sistema de vantagem mecânica montada numa tirolesa. Uma das grandes dúvidas deste nó era sua resistência e, no caso de uma de suas alças se rompesse, como se comportaria o sistema restante.

Foram realizados entre os dias 09 e 10 de fevereiro de 2019, testes de resistência no nó Borboleta Sergipana. Os testes tinham como objetivo verificar a resistência do nó a tração, para então identificar seu percentual de comprometimento na resistência nominal da corda utilizada. Para os testes foram utilizados os seguintes recursos:

a) 03 amostras do nó Borboleta Sergipana, confeccionado com corda K2, com um ano de uso;

(Imagem 01: Amostras do nó Borboleta Sergipana destinados ao teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

b) Equipamento para medição calibrado, dados do dinamômetro utilizado:

Dinamômetro marca REMA, modelo 04, com capacidade de 10 toneladas, número de série 140952, calibrado em 22/08/2018 e com calibração válida até 22/08/2019. Calibração realizada pela ICT – Manutenção, inspeção e solda. Certificado n° 0400/2018;

(Imagem 02: Dinamômetro REMA . Foto: João Marcelo Saraiva)

c) Talha mecânica de 3 toneladas;

d) Corda de 12 mm com 15 metros de lance;

e) Cordelete de 7mm;

f) Anel de fita de 1,20;

g) Cinta de ancoragem de 2 m;

h) Mosquetões ovais e HMS;

i) Placa de ancoragem 30 kN.

(Imagem 03: Sistema de tração do teste: João Marcelo Saraiva)

A sistemática do teste consistiu em ancorar o nó utilizando duas alças e um mesmo mosquetão e utilizando as duas alças opostas para receber a carga (tração).

(Imagem 04:  Configuração de ancoragem do nó no sistema. Foto: João Marcelo Saraiva)

Esta configuração permite testar o nó para a aplicação para o qual foi desenvolvido: Substituir uma placa de ancoragem, num sistema montado em uma tirolesa.

(Imagem 05:  Nó Borboleta Sergipana aplicado num sistema de tirolesa. Foto: João Marcelo Saraiva)

A partir desta configuração, o objetivo seria seguirmos aplicando tração de maneira continua no nó até o seu rompimento, verificando assim sua resistência e o percentual que o mesmo retira da corda, ou seja, a resistência residual da corda após a confecção do nó na mesma. A sistemática seria a aplicação e conferencia do nó a cada 100 kg de tração adicional aplicada no mesmo.

A carga inicial aplicada foi de 40 kg e foram medidas as alças, tanto de ancoragem quanto uma das alças que estavam suportando, de maneira uniforme, a carga.

Status inicial:

(Imagem 06:  Dinamômetro aplicado no sistema de tração para o teste do nó. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 07:  Alça da ancoragem tamanho inicial. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 08:  Alça de carga tamanho inicial. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 09:  Nó ancorado para inicio do teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

Status 100 kg de tração:

(Imagem 10: Dinamômetro indicando carga de 100 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 10: Cumprimento da alça de ancoragem após 100 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 11: Cumprimento da alça de carga após 100 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 12: Formato do nó após 100 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

Status 200 kg de tração:

(Imagem 13: Dinamômetro indicando carga de 200 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 14: Cumprimento da alça de ancoragem após 200 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 15: Cumprimento da alça de carga após 200 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 16: Formato do nó após 200 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

Status 315 kg de tração:

(Imagem 17: Dinamômetro indicando carga de 315 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 18: Cumprimento da alça de ancoragem após 315 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 19: Cumprimento da alça de carga após 315 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 20: Formato do nó após 315 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

Status 415 kg de tração:

(Imagem 21: Dinamômetro indicando carga de 415 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 22: Cumprimento da alça de ancoragem após 415 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 23: Cumprimento da alça de carga após 415 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 24: Formato do nó após 415 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

Status 530 kg de tração:

(Imagem 25: Dinamômetro indicando carga de 530 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 26: Cumprimento da alça de ancoragem após 530 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 27: Cumprimento da alça de carga após 530 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 28: Formato do nó após 530 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

Status 620 kg de tração:

(Imagem 29: Dinamômetro indicando carga de 620 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 30: Cumprimento da alça de ancoragem após 620 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 31: Cumprimento da alça de carga após 620 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 32: Formato do nó após 620 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

Status 710 kg de tração:

(Imagem 33: Dinamômetro indicando carga de 710 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 34: Cumprimento da alça de ancoragem após 710 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 35: Cumprimento da alça de carga após 710 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 36: Formato do nó após 710 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

Status 815 kg de tração:

(Imagem 37: Dinamômetro indicando carga de 815 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 38: Cumprimento da alça de ancoragem após 815 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 39: Cumprimento da alça de carga após 815 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 40: Formato do nó após 815 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

Status 915 kg de tração:

(Imagem 41: Dinamômetro indicando carga de 915 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 42: Cumprimento da alça de ancoragem após 915 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 43: Cumprimento da alça de carga após 915 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 44: Formato do nó após 915 kg de tração no teste. Foto: João Marcelo Saraiva)

Aos chegarmos aos 915 kg de tração, o teste foi paralisado por motivos técnicos, visto que a placa de ancoragem utilizada no teste, tinha capacidade de 900 kg nos pontos de ancoragem para conexão das alças que recebiam a carga. Assim, comprovamos que nestes parâmetros, o nó se mostra seguro para a aplicação para a qual foi desenvolvido.

Dados do teste, carga a carga:

Dados da corda: Corda K2, com resistência nominal de 30 kN, com uma de uso, caracterizado como uso de baixa intensidade e frequência, na sua maioria treinamentos.

DADOS DO TESTE DE TRAÇÃO

CARGA (em kg)

TAMANHO DA ALÇA DE ANCORAGEM (em cm)

TAMANHO DA ALÇA DE CARGA (em cm)

40

12 10

100

14

11

200

16

12

315

16

12

415

17

12

530

18

12

620

18

12

710

18

13

815

18

13

905 18

13

 

Outro teste realizado, foi verificar como se comportaria o nó caso uma das alças estourasse, se o mesmo manteria sua estrutura ou se desfaria devido a carga aplicada. Para tanto, reduzimos a carga aplicada para 260 kg, e cortamos uma das alças que sustentavam a carga. O nó se comportou bem e manteve a carga sem risco de se desfazer.

(Imagem 45: Dinamômetro com carga de 265 kg no inicio do teste pós corte da alça. Foto: João Marcelo Saraiva)

Após o corte da alça o sistema foi novamente submetido a tração atingindo 600 kg. Mesmo apresentando um pequeno encurtamento da alça cortada o nó manteve seu formato, resistindo bem a força aplicada.

 

TESTE DE TRAÇÃO COM ALÇA CORTADA

CARGA INICIAL NO MOMENTO DO CORTE (em kg)

CARGA FINAL APÓS OCORTE (em kg)

265

600

 

(Imagem 46: Nó após o corte da alça. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 47: Dinamômetro com carga de 315 kg no inicio do teste pós corte da alça. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 48: Dinamômetro com carga de 520 kg no inicio do teste pós corte da alça. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 49: Dinamômetro com carga de 600 kg no inicio do teste pós corte da alça. Foto: João Marcelo Saraiva)

(Imagem 50: Sistema pós corte da alça. Foto: João Marcelo Saraiva)

Conclusão

O nó demonstrou suportar bem a tração aplicada, notamos a partir dos 500 kg uma certa deformação das voltas que compõe o nó, e gerando o estrangulamento das mesmas, mais notadamente ao atingirmos os 700 kg. Notamos também que o alongamento das alças, principalmente nas cargas iniciais, onde o nó estava se “acomodando”, após isso, percebemos que os alongamentos se mantiveram estabilizados entre os 500 e 900 kg de tração.

Concluímos que o nó, para a aplicação para o qual foi desenvolvido, se mostra seguro e confiável, pronto a atender as cargas que estará exposto, se mantidas as configurações especificadas neste teste.

Assista os vídeos dos testes em nosso canal do Youtube! Clique nos links abaixo:

Borboleta Sergipana tração 700 kg: https://youtu.be/U3aEUjGXrqo

Borboleta Sergipana tração 900 kg: https://youtu.be/gjnSKWlRYLM

Borboleta Sergipana cortando uma alça: https://youtu.be/7D0_urhWJ6Y

Borboleta Sergipana cortando uma alça parte II: https://youtu.be/HCpIk6RGPk8

Borboleta Sergipana após o corte: https://youtu.be/LdW3JjMY4zY

Borboleta Sergipana após o corte tração de 460 kg: https://youtu.be/bCQvB4vm4JQ

Borboleta Sergipana após o corte tração de 600 kg: https://youtu.be/YwSS__0nj3U

 

Sobre o autor: JOÃO MARCELO RIBEIRO SARAIVA é Profissional em Acesso por cordas (alpinismo Industrial) com Certificação ABENDI, Especialista em resgate vertical avançado, Especialista internacional em sistemas de ancoragens, Supervisor de trabalho em altura N2 pelo sistema Task College, Técnico em Segurança do Trabalho com experiência em projetos onshore e offshore, Bombeiro industrial civil, Instrutor de treinamentos de NR 35 e NR 33, Instrutor de Resgate vertical e Montanhista esportivo a mais de 20 anos. É desenvolvedor do sistema Horus de gerenciamento de NR 35, Consultor técnico da Horus Soluções Verticais, criador do nó Borboleta Sergipana com 3 e 4 alças e de outros sistemas para atividades verticais.

 

 

 

 

 

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